sexta-feira, 22 de julho de 2011

A antinomia do necessário

Numa das minhas deambulações pela cidade, congeminei que a fealdade mais grotesca é, imagine-se, um prédio em construção: um tosco de cimento nu, rodeado por andaimes, de cinza vestido, sem portas, nem janelas, como um naco morto que, à força, se quer afirmar vivo. Se a esse frémito de desolação lhe juntarmos tijolos quebrados, lama encardida, entulho mal arrumado, promiscuidade de tintas, resinas, fios ferruginosos, baldes cortados ao meio e grossas estacas de ferro aramado, tudo espalhado sem sorte, eis-nos perante um conjecturo que ainda é monstro. A ausência da estética é algo que me assusta e desconforta.