domingo, 23 de julho de 2023

A distância de um abraço


Há doze anos que percorro com alguma regularidade a estrada entre a cidade do Lis e Almada. Sempre que posso, evito a autoestrada e opto pela nacional 1. Atualmente chamam-lhe IC 2, mas nos meus tempos de menino, quando em família viajávamos até ao Porto ou em excursões à Serra da Estrela, chamávamos-lhe simplesmente a "estrada para o Porto". O troço da autoestrada entre Lisboa e Vila Franca de Xira, foi inaugurado no ano do meu nascimento, mas somente em 1991, volvidos 30 anos, as duas maiores cidades do país ficaram ligadas por autoestrada.

Nos anos sessenta, a modernidade acabava quando deixávamos o troço da autoestrada em Vila Franca de Xira e nos embrenhávamos na estrada nacional, enfileirados atrás dos vagarosos camiões que transportavam mercadorias entre as duas cidades principais. A "Ponderosa", para os lados de Alenquer, era paragem obrigatória dos excursionistas. Um eventual arranjo entre os donos do café/restaurante e os motoristas, que a mim, criança, me passava despercebido, fazia com que todos os autocarros de excursão parassem naquele lugar, para satisfação das necessidades fisiológicas e um cafezinho.

Se a paciência abunda e a pressa de chegar não é soberana, vou sempre pela nacional. Conduzo uma Yamaha X MAX 250cc que, além de ser bastante confortável, económica e segura, faz velocidades de cruzeiro relativamente baixas, o que permite o deleite integral da paisagem. Quando conduzia a Yamaha FJR 1300 ou mesmo a Aprilia Caponord ETV 1000, chegava mais rápido ao meu destino, mas gastava incomensuravelmente mais combustível e as únicas sensações que retenho dessas viagens, são as ultrapassagens estrondosas e uma estranha incapacidade para conduzir no respeito dos limites de velocidade permitidos.

Hoje tenho tempo. É bom ter tempo e não viver confinado à ditadura dos prazos, dos horários, do tempo controlado e imposto à nossa vontade.

Sigo direito à Batalha e passo rente ao mosteiro, que agora tem umas barreiras acústicas celebérrimas, para salvaguarda dos impactos de ruído e poluição sobre o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, declarado património da Humanidade pela UNESCO. E tudo por causa do "impacto ambiental" - adoro esta expressão, mas ainda gosto mais do vocábulo "sustentável". Tudo o que não seja "sustentável", nos dias que correm, não presta, pelo menos até à invenção de uma nova expressão ou teoria.

São Jorge, Cruz da Légua e Aljubarrota vão ficando rapidamente para trás. Saí de casa às 13h00, pois almocei bastante cedo, e sigo viagem em bom ritmo. Há pouco trânsito. Tenho o depósito atestado e não conto parar. A manhã, a principio bastante nebulosa, deu lugar ao início de uma tarde solarenga com uma temperatura convidativa ao passeio. Depois da Benedita e da Venda das Raparigas - o meu falecido pai tecia sempre piadas de franco mau gosto cada vez que passámos por este lugar - a paisagem começa a ser deveras encantadora. À minha esquerda, na Serra de Aires e Candeeiros, as enormes ventoinhas eólicas não cessam de rodopiar, enquanto um ou outro estorninho faz rasantes à roda dianteira da mota e os mosquitos vão-se estatelando na viseira do capacete. Pouco antes do corte para Rio Maior, a Serra dos Candeeiros fica para trás e a sensação de nos encontrarmos no Ribatejo adensa-se. A seguir vem Alcoentre, terra sobejamente conhecida por albergar um dos maiores estabelecimentos prisionais do país; e depois Aveiras de Cima e Aveiras de Baixo, terra que só tem significado para mim como nome dado a uma estação de serviço da autoestrada.

Sigo na direção da Azambuja - terra da antiga fábrica da Ford - e Vila Nova da Rainha, que tem um avião de caça à beira da estrada, para relembrar que é o berço da aviação portuguesa e onde existiu a primeira escola militar de aviação. Depois, segue-se o Carregado, a localidade com o maior outlet do país e onde teve início a primeira viagem de comboio em Portugal, Castanheira do Ribatejo e finalmente Vila Franca de Xira. Agora, à medida que me aproximo de Lisboa, o trânsito é muito menos fluído. As paisagens campestres dão lugar a edifícios feios, urbanizações caóticas, lixo urbano, grafitis nas paredes, cartazes rasgados e estradas esventradas. Um pouco por toda a parte a pegada humana faz-se sentir. Os detritos da nossa existência tomaram conta do que outrora foram campos semelhantes àqueles que alguns quilómetros havia deixado para trás. Pouco já há para saborear no que à paisagem respeita e o interesse é chegar rápido.

Deixo para trás, Alhandra, Vialonga e Póvoa de Santa Iria. Todas partilham da mesma fealdade pragmática dos subúrbios. São ilhas onde se concentram pessoas de baixos recursos que não conseguem comprar ou arrendar casa na capital. De semáforo em semáforo, vou volteando pelo meio do trânsito, com manobras próprias de muitos anos de motociclista, até encontrar uma escapadela para a 2ª Circular em direção ao Eixo Norte-Sul. Antes das 15h00 já me encontro em cima da Ponte 25 de Abril a saborear uma aragem fresca que alivia o calor que sinto na cabeça. Já só penso em ver-me livre do capacete.

Subo a Avenida Bento Gonçalves e estaciono a mota frente ao Café Central de Almada. Acabei de perfazer cerca de 180 kms. A primeira personagem com que me deparo é o Zé Sobral. Tanto quanto recordo, nos anos 70, já invariavelmente o avistava todos os dias naquele local. O Zé Sobral mora a poucos metros do Central e fez toda a sua vida naquela circunscrição geográfica. Dantes, sei que vendia droga e ocupava-se de pequenos delitos, no intervalo de outros expedientes mais honestos. Encontro-o bastante magro, pele e osso, as tatuagens dos braços e do pescoço mirradas na pele queimada por muitos anos de sol, mas o mesmo semblante de sempre. Arruma cadeiras numa esplanada do outro lado da praça, levanta as mesas e varre o chão. Ao que me disseram, ganha para o tabaco e para alguma bucha. Tem uma doença qualquer. Não parece reconhecer-me ou, se calhar, finge não saber quem eu sou. Desvio o olhar em sinal de respeito pela sua condição e entro no café. Ao balcão peço um bolo podre. Há cinquenta anos atrás, elegi-o como o bolo da minha predileção e sempre que me davam uns trocos, juntava dinheiro para comer um. À época, era das maiores satisfações que a vida me dava. Uma homenagem ao travo das coisas simples.

A X Max 250cc ficou no parqueamento subterrâneo do Pingo Doce, pois Almada é terra de larápios. Logo em frente é a casa da minha mãe. Subo no elevador e rodo a chave na porta. Entro na sala de estar e a minha velhinha nem me deixa pousar a mochila. Levanta-se, abraça-me e diz: "Meu rico filho. Tenho rezado tanto por ti!". Também a abraço e ficamos juntos no sofá a ver a televisão sem som. A mãe é surda e não acha necessário subir o volume do som. E eu não me importo. Estamos juntos.

Almada, 2018






sábado, 15 de julho de 2023

Rir de mim



Hoje, depois do treino no ginásio, completamente distraído com as minhas deambulações, entrei para dentro do chuveiro com os óculos postos e as sapatilhas calçadas. Felizmente percebi a tempo o meu lapso quando as primeiras bátegas me caíram na cabeça e fiquei com os óculos embaciados. Embora não tenha sido uma distração com consequências graves, concedo que “estar com a cabeça no ar” é um estado normal em mim e me tem acompanhado ao longo da vida, por vezes em situações recorrentes.

Já fui protagonista de diversos episódios risíveis, motivados pelo meu comportamento nefelibata, por sorte, sempre sem outras sequelas que não fossem provocar o riso nas pessoas que assistiram.

No local de trabalho: bater com o cotovelo ou o braço numa porta e pedir desculpas pelo facto; esquecer-me do código que desligava o alarme da porta da repartição e confrontar-me por diversas vezes com a chegada da polícia; entrar na casa de banho feminina; tomar o pequeno-almoço no bar e não pagar a despesa.

Na rua: tentar abrir a porta de um automóvel semelhante ao meu e depois ver-me confrontado com a chegada do proprietário; deixar o telemóvel em cima do tejadilho do automóvel e arrancar com o mesmo; abastecer e esquecer de ir pagar o gasóleo; por duas vezes, meter gasolina no depósito em vez de gasóleo.

No prédio onde moro: sair do elevador no andar errado e tentar abrir a porta do apartamento do inquilino que mora no piso superior ao meu; deixar a porta da garagem aberta com muitos valores lá dentro; deixar o molho das chaves pendurado na fechadura da caixa do correio ou na porta do meu apartamento; encomendar uma pizza e depois esquecer-me e estar a tomar banho quando o funcionário que faz as entregas toca à porta; deixar comida a fazer no fogão e só dar conta disso quando cheira a queimado; deixar a porta do apartamento aberta depois de chegar a casa com muitas compras.

Na música: esquecer-me, durante um concerto ao vivo, de um determinado acorde ou notas de um solo durante uma sequência musical; perder constantemente as palhetas e depois encontrá-las mais tarde no saco do aspirador, por vezes, três ou quatro de cada vez.

No barco cacilheiro: durante o trajeto para Lisboa, deixar-me dormir e ser acordado por um dos tripulantes, para me informar que já toda a gente havia saído do barco e eu corria o risco de voltar para Cacilhas.

Se eu fizesse um esforço maior, tenho a certeza de que me recordaria de muitos mais episódios, com comicidade apreciável que ocorreram ao longo da minha vida, mas isso tornaria o texto longo e quem sabe repetitivo.

Deixo propositadamente para o fim o relato de uma das cenas mais burlescas que protagonizei. O que vou contar aconteceu teria eu trinta e muitos anos e, já licenciado, frequentava à noite um mestrado na Faculdade de Direito de Lisboa. Durante o dia, trabalhava numa repartição notarial, na Avenida Defensores de Chaves, em Lisboa, onde era o ajudante principal da respetiva notária.

À época, morava na cidade do Barreiro e esta cena aconteceu durante o inverno, num dia ventoso e com bastante chuva, pois recordo-me que eu levava numa das mãos a mala com os códigos jurídicos e na outra um guarda-chuva.

Como era habitual, nesse dia, também levei o saco do lixo para despejar no contentor mais próximo, antes de entrar para o autocarro que me levaria ao barco.

Ao chegar à repartição, por volta das 09h00, as minhas colegas começaram a comentar que cheirava muito mal e não sabiam de onde vinha o mau odor, até que uma delas me perguntou o que é eu tinha dentro do saco de plástico do Pingo Doce que trazia na mão.

As risadas duraram cerca de dois dias. Resultado: fiz os trajetos de autocarro na cidade do Barreiro, travessia de barco no Tejo, de novo autocarro em Lisboa e metro, sempre com o saco do lixo entrelaçado nos dedos da mão esquerda, juntamente com a pega da minha pesada mala preta.

Quem me está a ler estou certo de que a primeira ideia que lhe vem à mente é a de que eu, porventura, estarei enfrentando um processo de demência ou perda das capacidades cognitivas.

Poderia ser o caso se eu não tivesse ao longo da minha vida sido sempre assim. Quando me ponho a pensar, por vezes, desligo-me do mundo físico que me rodeia e sento-me em cima de uma nuvem. Uma nuvem que segue navegando com a brisa ligeira.



domingo, 9 de julho de 2023

Na praia


Prezo muito a doce penitência dos pescadores solitários, fiéis, sempre, junto à sua cana, vigiando o dançar periclitante da linha, como pastores vigilantes de um rebanho de peixes, num prado eterno feito de mar. De quando em quando, desviam os olhos do horizonte e rodam o carreto de nylon verde, ensaiam um lançamento longo, mais junto às rochas negras forradas de algas, em águas mais afortunadas, onde os cardumes se alimentam.

As canas estão fincadas na areia, em suportes próprios. São artes antigas, instrumentos pontiagudos que vão adelgaçando à medida que se aproximam da extremidade. Do lugar donde as vejo, sempre que o vento clama mais forte os seus caprichos, curvam-se com graciosidade, como bicos de tucano. Ao seu lado, muito perto, baldes vulgares, repletos de água do mar, servem de depósito a peixes que já não nadam: jazem argênteos, no fundo, numa quietude de impressionante morte fresca, mas a vibração da água, por breves momentos, parece que os vivifica; mas é mentira.

Sigo sempre no sentido contrário à zona dos chapéus-de-sol, caminhando contra a luz. Fujo das áreas concessionadas, das barracas «Olá», laranja e escarlate; das cadeiras «Pepsi» azul noite. Raspo-me das areias movediças da mundanidade, pelejada de gentes, pauzinhos de gelado, caricas, beatas de cigarros e beatas da vida. Quero-me na praia onde não pontificam os vestígios humanos – não quero «ser-humano» – na língua da areia onde o mar suserano, em frenesim, sem parcimónia, traga despojos de presenças alienígenas (a mim).

Tenho a caneta bem fincada na areia, um pouco acima da linha da vazante, abrigada da rebentação. É uma caneta cinzenta, paper-mate, uma flexigrip ultra, chiquérrima, aborrachada, daquelas que não magoam os dedos, mas, por vezes, magoam a alma. Ela é muito mais pequena do que as canas que observo em meu redor.

Os pescadores distam a alguns metros de mim. Estão dispostos ao longo da praia, em espaços intervalados, cinquenta metros distantes uns dos outros. A minha flexigrip não verga na ponta quando a brisa entorna mais densa. As canas sim.

Aguardo a chegada dos advérbios frescos, de olhar esbugalhado; das frases coragem; dos parágrafos comestíveis, dispostos a disputar-me o domínio, mas eles não vêm. De tempos a tempos, olho para a ponta esférica e aguçada da minha flexgrip. Um raro movimento, um estremecer por breve que seja, enchem-me o coração de esperança e brilho azuláceo. Agora o silêncio. O som do mar. O piar absurdo de uma gaivota que se afasta. As franjas brancas das ondas, ao longe, que aparecem e desaparecem. Um navio a fingir, no horizonte.

[Sempre quis ter uns óculos de sol da cor da felicidade, pois já tenho um chapéu da cor do mar. O mar existe?]

Passaram por mim duas mulheres com os corpos densamente povoados de desejos. Os pescadores não pestanejaram. Permaneceram quedos, os olhos postos no horizonte brilhante. Esperam. Desenleiam as linhas das canas como quem desembaraça os escolhos da vida. Os chumbos estão pendurados no nylon verde como pêndulos de relógios de cuco antigos – O Pêndulo de Foucault não é de chumbo.

Cheira-me a abandono e sinto arrepios de luz pela espinha acima. A felicidade é um acontecimento. Dizem-me que não a devo procurar mas sim esperar. Às vezes canso-me. A minha flexigrip continua hirta, espetada na areia como um soldado perfilado na parada, mas a borracha que a envolve parece ter amolecido. Começa a desfazer-se, pingando gotículas de talento derramado que o mar depressa engole. Os veraneantes, lá longe, parecem vultos pré-fabricados. Movem-se em constância: para lá, para cá, para lá, para cá.

Os pescadores são agora sombras recortadas na contraluz e, com o dedo indicador, acompanho o recorte da silhueta de cada um deles, que me cabe na palma da mão. Os peixes – ainda aguardam por eles – de quando em quando, deixam-se morrer para viverem, ainda que por instantes, dentro de nós. Nós vivemos. Eles não.

Coloco o meu estetoscópio de sonhos e ausculto o pulsar das emoções que me rodeiam. Tomo o pulso à vida, paciente, e peço-lhe com delicadeza que abra a boca e faça: «Ah!». Vi a língua da vida! Ena! Que sensação! De seguida, agarro na minha máquina de fotografar ilusões e proponho-me captar momentos genuínos – um completo desastre! Fico-me pela película da memória. Apetece-me fugir.

Guardo a minha flexigrip, ou o que resta dela. Torno a casa com o mesmo peso com que cheguei. Concentro-me no regresso ao trivial, que é onde a maior parte das coisas se movem e estão à vista de todos. Basta-me sacudir toda esta areia de perseverança, que me incomoda, colocar a pequena mochila às costas e pôr no semblante o sorriso que sempre guardo para os momentos em que me quero parecer com os outros.

Não me despeço dos pescadores, nem do mar, nem do céu, ou da areia. Parto sem olhar para trás, pois sei que as despedidas deixam-me sempre angustiado. Um dia voltarei e, dessa vez, trarei uma cana a sério, muito isco, balde, e tudo o que é necessário para pescar. Por ora, só quero tornar a casa com os pés calçados de subtilezas, antes que cheguem as parábolas da noite e me perguntem o que é feito da minha farta pescaria.

Leiria - escrito no verão de 2006



segunda-feira, 3 de julho de 2023

Da escrita



Às vezes sinto-me pouco gramatical e apetece-me usar marcas de oralidade na escrita, mas depois não consigo. Tento, tento, e as sucessivas investidas, todas frustres, desanimam-me e soltam a negação. Um dos meus defeitos é, porventura, o de não me conseguir livrar do espartilho das formas consideradas corretas estabelecidas pela ortografia. São normas que intui e me esforço por bem utilizar, como se escrever bem fosse tão só isso: o domínio de uma técnica: «- O aposto e o vocativo são sempre separados por vírgulas!», dizia ele.

Afinal, bem vistas as coisas, as regras gramaticais não passam de convenções que, na sua origem, não resultam de qualquer imperativo interno à própria língua, e só se tornam obrigatórias porque são aceites oficialmente pela comunidade linguística. As regras da ortografia valem como leis que pretendem regulamentar a atividade da escrita, disciplinando-a, e só admitem desvios – não censuráveis – no discurso poético. Para tudo o que escape a esse universo de permissividade total, existe uma censura atroz.

Acho, com uma certa ironia, que o esforço gasto para um razoável domínio destas competências, de algum modo, também pode ser considerado nefasto e responsável pela espontaneidade perdida; penso nos «efeitos perversos» gerados pela obediência ao crivo severo e burocrático da gramática – às vezes um balde de esterco de conceitos predefinidos, que mais não serve senão para tornar longínqua a comunicação, que deve ser a essência do discurso escrito.

A felicidade que dantes sentia por ter ligado aos textos corretos – as minhas boas leituras! - e ter tido a sorte de conhecer professores corretamente preparados, com qualidade didático-pedagógica, esboroa-se, hoje, nesta reflexão à «la minute» que frustra todas as recomendações de boa sintaxe.

Mas se, o mais das vezes me mostro incapaz de me aligeirar com interjeições, diálogos, graçolas, que me valha a catarse, o desabafo intimista, ainda que só eu lhe entenda o verdadeiro sentido e alcance. Fico-me, pois, pelo texto rebuscado. Rebuscado de tanto me devassar e pouco ou nada encontrar de novo, não fora aquilo que, de mim, já tão bem conheço.