terça-feira, 18 de outubro de 2011

Partimos juntos

Deixa-me agarrar as tuas mãos e escuta. Não digas nada, limita-te a ouvir-me. Se nada tens a opor, mal anoiteça, seguiremos juntos pela floresta encantada dos alámos e das heras. Não quero que tenhas medo. Prometo que cuidarei sempre de ti. Viajaremos pelas veredas e evitaremos os trilhos principais. Conheço caminhos que, para além do sol e dos animais da floresta, mais ninguém deles tem ciência. Caminharemos devagar, sob as estrelas, em cima do manto de folhas amarelas e cor de fogo que nesta altura do ano forram a charneca. Desse modo evitaremos deixar os rastos da nossa passagem. Vais ver que ninguém nos seguirá. Trás roupa quente e alguma comida. Eu levarei um farnel, agasalhos e uma arma que nos possa defender perante alguma adversidade. Só preciso de ouvir uma vez mais dizeres que me amas. O resto do mundo já pouco me importa. O nosso futuro jaz nas mãos do destino e é a força do amor que nos guindará ao boreal da felicidade. Quero amar-te como ninguém te amou. Em toda a parte, quero ter-te sem fim, como se fosses tu uma parcela de mim. Quero, um dia, longe de tudo isto, passear contigo entre as flores do jardim e para ti colher as mais perfumadas. Posso beijar-te agora? Diz-me que vens. Diz! Eu fico à tua espera junto ao velho carvalho, na volta da estrada, onde dorme o casal de cucos. Mal anoiteça, partiremos juntos. Se não podes amar-me por receio, seremos amantes em segredo, mas este nosso amor ninguém nos tirará. Juro-te!