domingo, 22 de novembro de 2020

Jerónimo, o Casmurro



A obstinação do Partido Comunista Português em realizar o seu congresso em Loures, um dos concelhos classificados de risco extremamente elevado pelo recente documento governamental, revela uma rara falta de empatia e sensibilidade para com a atual situação que se vive. 

O XXI congresso do PCP vai realizar-se nos dias 27, 28 e 29 de novembro no Pavilhão Paz e Amizade em Loures, distrito de Lisboa e são esperados 600 participantes.

O PCP, pela voz do seu vetusto líder, Jerónimo de Sousa, fala em preconceito e recusa adiar o congresso para "o dia de São Nunca à tarde". O partido defende-se com a velha "teoria da conspiração" - as forças reacionárias, amigas do grande capital e da extrema direita, que se unem para lixar a magna reunião comunista.

Vivemos num sistema político dominado pelos partidos e nem mesmo numa situação de Estado de Emergência, à luz de uma lei dos anos 80, podem as reuniões partidárias serem impedidas. A Lei 44/86 estabelece efetivamente que "as reuniões dos órgãos estatutários dos partidos políticos, sindicatos e associações profissionais não serão em caso algum proibidas, dissolvidas ou submetidas a autorização prévia". 

Mas, para além das leis, que existem sem sombra de dúvida para serem cumpridas, existe algo sem forma escrita ou expressão consuetudinária, que deriva diretamente do bom senso e da adequação às razões e circunstâncias, que se chama razoabilidade, que o PCP, pelos vistos, de todo desconhece.

Os partidos políticos, através das suas representações parlamentares, espelham o sufrágio e a vontade popular que em determinado momento os elegeu. Não é preciso ser-se dotado de visão estratégica ou ser um expertise em Ciência Politica, para concluir que a decisão irrevogável dos comunistas vai ter custos negativos aquando das próximas eleições. 

O futuro terá poucas contemplações para com partidos que continuam a ter relações fofinhas e de amizade fraterna com ditadores que comandam países onde o delito de opinião é punido com a prisão, a tortura e a morte. E líderes como o Jerónimo de Sousa, eivados pelo ódio, constantemente maledicentes, monocórdicos à exaustão e isolacionistas, não vão ter lugar num Portugal futuro. As novíssimas gerações dificilmente entenderão os bafientos discursos deste anoso líder, ainda que em nome de um dos primogénitos partidos do nosso sistema político, a quem o país muito deve no que respeita à conquista e salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias.

Solução: remodele-se a estrutura paleolítica do PCP e convença-se o Jerónimo a dedicar-se a contar histórias sobre as aventuras dos velhos revolucionários aos netos. Já era tarde ou o PCP vai alinhar com o CDS numa fraca expressão parlamentar.

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