domingo, 13 de novembro de 2011

Minímo

Parei de escrever. Há muito tempo que não escrevo e não passa um dia em que não me lembre da importância que essa forma de expressão tem na minha vida. Actualmente tenho ocupado o meu tempo livre com outros afazeres. Dedico-me à música, mais precisamente à prática da guitarra, ao ginásio e a uma pessoa especial. Os desertos de solidão que até há pouco tempo acrescentavam múltiplas razões à existência da minha escrita, têm sido ocupados por beatíficos oásis, que não me proporcionam menos prazer, mas que jamais poderão substituir-se a esta minha actividade, encarada como necessidade fundamental. A escrita, desde há muito, é o meu forro, a minha forma primária de catarse e de auto-entendimento; daí quase todos os meus escritos pecarem por um excesso de convencionalismo intimista, a deslizar para o diário, apesar de serem inúmeras as vezes em que os factos se confundem com a ficção. Gonzalo Torrente Ballester, autor galego das minhas referências, falecido há poucos anos atrás, escreveu algures num dos seus muitos textos de intervenção, que a pior solidão que existe é darmos conta de que as pessoas são idiotas. Obviamente que o autor se tinha em grandessíssima conta e os idiotas a que se referia seriam sempre e necessariamente os outros. Não é no entanto o meu caso. Quantas vezes, nesses desertos de solidão que atravesso, ausentes de sombras acolhedoras, me interrogo se a suposta singularidade, que já julguei possuir, não será ela senão uma vulgar forma de idiotice.


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