terça-feira, 18 de agosto de 2015

Sobre a gratidão



Se a gratidão é pacificamente entendida como uma emoção que envolve um sentimento de dívida em relação a outra pessoa, frequentemente acompanhado por um desejo de agradecer, ou tornar recíproco um favor que nos fizeram, tanto quanto recordo, são poucas as pessoas pelas quais, na vida, senti verdadeira gratidão. No entanto, consigo nomear casos esporádicos de pessoas que, desinteressadamente, foram genuinamente boas para mim.

Ainda há bem pouco tempo, no âmbito de uma diversão, que podia ter tido consequências bem piores, cai e ofendi com gravidade o tornozelo e o gémeo da perna direita; e não fosse o pronto auxílio de duas pessoas, que acabara de conhecer nesse mesmo dia, tinha ficado no chão sem me conseguir levantar. Levaram-me praticamente ao colo até ao automóvel e prontificaram-se para me ajudar em tudo o que fosse preciso, inclusive para me transportar ao hospital.

A gratidão é esse sentimento de reconhecimento por alguém que, desinteressadamente, nos fez bem e que nos faz sentir vontade de agradecer e fazer algo de semelhante em prol de quem foi bom para nós. E, contrariamente à gratidão, a falta de gratidão transporta-nos para o sentimento de culpa, que nos gera mal-estar e é algo que queremos evitar, ou aplacar.

Neste mundo eivado de egoísmo, em que, na maioria das vezes, a prática do bem tem sempre como expetativa o reconhecimento por parte do outro, torna-se uma pérola rara encontrar alguém que pratique o bem em estado puro, isto é, sem ter alguma expetativa em vista, mais não seja a satisfação pessoal pelo ato de gratidão do outro, que, segundo as regras socialmente convencionadas, normalmente se segue. Comportamento gera expetativa, e todos sabemos isso.

Mas a gratidão também nos pode tornar reféns de outrem e levar a condicionamentos do nosso próprio comportamento. Quantas vezes não toleramos uma situação que não nos faz integralmente felizes, apenas porque o peso da ingratidão, ou o sentimento de culpa, que advirá caso tomemos certas atitudes, é mais forte do que tudo?

Não gosto de sentir a gratidão em dívida e penso que o mais correto é liquidar rapidamente esse débito, nomeadamente fazendo algo de bom em prol de quem me quis bem, e também mostrar a minha inteira disponibilidade para continuar a fazê-lo.

O mais normal é praticarmos o bem em relação aos nossos semelhantes e a reciprocidade surge, quase sempre, como algo de natural e expetável.

Ninguém que viva semanticamente, observando com um cuidado desmesurado a forma do seu umbigo, pode esperar que haja muita gente disponível para lhe querer bem. A reciprocidade, ou o comportamento sinalagmático, é pois a regra convencionada no tecido social.

Quando me perguntam se recordo alguém que queira o meu bem, pratique o bem em relação a mim, me ame incondicionalmente, sem jamais expetar uma reciprocidade ou, outrossim, fazer depender as suas atitudes do cumprimento do expetado, afirmo sem sombra de dúvidas que é a minha mãe. Ela é a minha maior amiga, a pessoa que mais me ama e, estou certo, jamais alguém gostará de mim como ela.

Se a gratidão é pacificamente entendida como uma emoção que envolve um sentimento de dívida em relação a outra pessoa, frequentemente acompanhado por um desejo de agradecer, ou tornar recíproco um favor que nos fizeram, tanto quanto recordo, são poucas as pessoas pelas quais, na vida, senti verdadeira gratidão. No entanto, consigo nomear casos esporádicos de pessoas que, desinteressadamente, foram genuinamente boas para mim.

Ainda há bem pouco tempo, no âmbito de uma diversão, que podia ter tido consequências bem piores, cai e ofendi com gravidade o tornozelo e o gémeo da perna direita; e não fosse o pronto auxílio de duas pessoas, que acabara de conhecer nesse mesmo dia, tinha ficado no chão sem me conseguir levantar. Levaram-me praticamente ao colo até ao automóvel e prontificaram-se para me ajudar em tudo o que fosse preciso, inclusive para me transportar ao hospital.

A gratidão é esse sentimento de reconhecimento por alguém que, desinteressadamente, nos fez bem e que nos faz sentir vontade de agradecer e fazer algo de semelhante em prol de quem foi bom para nós. E, contrariamente à gratidão, a falta de gratidão transporta-nos para o sentimento de culpa, que nos gera mal-estar e é algo que queremos evitar, ou aplacar.

Neste mundo eivado de egoísmo, em que, na maioria das vezes, a prática do bem tem sempre como expetativa o reconhecimento por parte do outro - a gratidão, torna-se uma pérola rara encontrar alguém que pratica o bem em estado puro, isto é, sem ter alguma expetativa em vista, mais não seja a satisfação pessoal pelo ato de gratidão do outro, que, segundo as regras socialmente convencionadas, normalmente se segue. Comportamento gera expetativa, e todos sabemos isso.

Mas a gratidão também nos pode tornar reféns de outrem e levar a condicionamentos do nosso próprio comportamento. Quantas vezes não toleramos uma situação que não nos faz integralmente felizes, apenas porque o peso da ingratidão, ou o sentimento de culpa, que advirá caso tomemos certas atitudes, é mais forte do que tudo?

Não gosto de sentir a gratidão em dívida e penso que o mais correto é liquidar rapidamente esse débito, nomeadamente fazendo algo de bom em prol de quem me quis bem, e também mostrar a minha inteira disponibilidade para continuar a fazê-lo.

O mais normal é praticarmos o bem em relação aos nossos semelhantes e a reciprocidade surge, quase sempre, como algo de natural e expetável. Ninguém que viva egoisticamente, observando com um cuidado desmesurado a forma do seu umbigo, pode esperar que haja muita gente disponível para lhe querer bem. A reciprocidade, ou o comportamento sinalagmático, é pois a regra convencionada no tecido social.

Quando me perguntam se recordo alguém que queira o meu bem, pratique o bem em relação a mim, me ame incondicionalmente, sem jamais expetar uma reciprocidade ou, outrossim, fazer depender as suas atitudes do cumprimento do expetado, afirmo sem sombra de dúvidas que é a minha mãe. Ela é a minha maior amiga, a pessoa que mais me ama e, estou certo, jamais alguém gostará de mim como ela.






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