segunda-feira, 11 de março de 2019

O transporte mais seguro



Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade?

Repetem-se os especialistas dizendo que o meio aéreo é o transporte mais seguro. Até pode ser que seja verdade, mas, nas minhas deambulações pela Internet, deparei-me com um site sinistro que compila as histórias de todos os acidentes aéreos, ocorridos entre uma determinada data (século XX) até ao momento presente.

O site é bastante completo e fiável e inclui os relatórios oficiais dos sinistros, com fotos e todo o género de especificações.


Somente no corrente ano de 2019, resultantes de acidentes ocorridos com aviões civis, fossem eles particulares ou comerciais, já se contabilizam cerca de 250 mortes.

A sofisticação e os enormes avanços tecnológicos tornam os aviões cada vez mais seguros, mas será que a formação dos pilotos acompanha a cada vez maior automação dos modernos aparelhos comerciais?

Li algures que um piloto de Airbus, referia-se à nova geração de aviões como sendo computadores com asas, aptos a substituírem-se aos pilotos e até mesmo impedirem manobras humanas julgadas (por eles, computadores) "inadequadas" durante o decurso do voo.

Não tenho dúvidas de que os aviões do presente, são incomensuravelmente mais seguros do que os de há duas ou três décadas atrás. O problema dos acidentes é, porém, fácil de adivinhar: cada vez há mais aviões a cruzarem os céus, o número de passageiros quintuplicou em comparação com duas décadas atrás e a crescente sofisticação das modernas aeronaves exige muito mais tempo despendido em formação.

Mas a formação é cara e os aviões só dão lucro se os pilotos estiverem a pilotá-los, de preferência, apinhados de passageiros.

É fácil de adivinhar que o crescimento exponencial do número de passageiros, aliado à falta de escrúpulos de algumas companhias aéreas que, em nome do lucro, descuram manutenções rigorosas, a que se junta a falta de formação adequada dos pilotos para lidar com aeronaves cada vez mais sofisticadas, trará no futuro muitas mais mortes em acidentes.

Em pouco tempo, com total perda de vidas, caíram misteriosamente dois Boeing 737 Max-8, aeronaves novíssimas e com o mais elevado nível de sofisticação oferecido pela tecnologia norte-americana.

Estamos no primeiro trimestre do ano. Vamos ver o que o resto do ano nos reserva no que ao "transporte mais seguro de todos" respeita.

Há soluções tecnológicas, já estudadas, que poderiam ser implementadas para salvar vidas humanas, como o encapsulamento da cabine de passageiros e do cockpit, provido de pára-quedas e com uma proteção especial em relação ao resto do aparelho, mas isso iria encarecer os custos de operação e consequentemente diminuir os lucros chorudos que esta atividade gera para imensa gente.

E, tal como na guerra, a perda de umas centenas de vidas por ano, são danos colaterais bastante comportáveis, para mais, cobertos pelos seguros, e que justificam a inércia de investimentos em maior segurança.

Viva o lucro!

Sem comentários:

Enviar um comentário