quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Duterte & Companhia


Lido por aí: "Duterte pede ao povo filipino que ‘atire’ em funcionários públicos corruptos".


Com esta simultaneidade, não me recordo de uma época recente em que o mundo tenha tido tantos governantes de topo com tamanhas irresponsabilidades.

María Corazón Aquino, também conhecida por Cory Aquino, foi presidente das Filipinas entre 1986 e 1992. Foi a líder do movimento que derrubou a ditadura no seu país, então liderado por Ferdinando Marcos - o tal cuja mulher se deslocava de avião todas as semanas a Paris para comprar roupa e sobretudo sapatos, artigo que colecionava aos milhares, enquanto o povo morria à fome e era torturado e morto nas prisões .

Aquino, falecida em 2009, recebeu diversos prémios e era uma figura respeitada a nível internacional. Foi provavelmente a melhor presidente que as Filipinas tiveram nos tempos modernos

Mas agora as Filipinas têm como presidente o advogado Duterte, eleito por sufrágio supostamente livre e democrático, que afirma publicamente já ter abatido a tiro muitos traficantes e delinquentes. Para além disso, o atual presidente, apela a que seja feita justiça popular, sem recurso aos tribunais, ou a quaisquer direitos de defesa para os eventuais acusados de crimes violentos ou de corrupção. Duterte, que incita a população a praticar a lei de talião e a vindicta privada, recorde-se, é advogado.

Neste estranho mundo atual, temos simultaneamente a decidir os destinos dos seus países, com influência direta ou indireta no planeta: o Trump nos Estados Unidos, o Boris Johnson no Reino Unido, O Erdogan na Turquia, o Kim na Coreia do Norte, o Duterte nas Filipinas e aqueles loucos fanáticos de turbante branco, o Hassan Rohani e o Ali Khamenei, no Irão, entre outros cujo nome não recordo.

A perigosidade de uns é seguramente superior à dos outros, sobretudo pelo poder militar que os respetivos países concentram, mas a particularidade de todos serem belicosos e manifestamente incompetentes para serem líderes mundiais, não nos deve deixar esperançosos de que enveredem por soluções pacificas e consensuais na resolução de eventuais conflitos.

As organizações internacionais correm sérios riscos de se tornarem tigres de papel no cenário das atuais relações internacionais, se é que não o são já, uma vez que o incumprimento das suas resoluções, é cada vez mais impossível de ser aplicado coercivamente, pelo menos no que respeita a certos estados. O direito do mais forte é e sempre será a maior fonte do Direito Internacional Público.

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