Este ano repito uma experiência letiva, desta vez na Universidade Senior de Pataias, que já havia tido, há alguns anos atrás, por diversas vezes, com crianças e jovens de diversas nacionalidades: o ensino de Português/iniciação para estrangeiros.
Contava ter no máximo 4/5 alunos, mas compareceram na minha primeira aula catorze. São, com exceção de um suíço, o Jean, casado com uma portuguesa e que bem conheço das caminhadas, todos franceses e residentes no concelho de Alcobaça, que escolheram o nosso país para morar e gozar a merecida reforma.
Quando ensinei Português a crianças russas e ucranianas (nos anos 90) e, posteriormente, a jovens de diversas nacionalidades no SPEAK, registei a imensa facilidade que tinham na aprendizagem. Era tudo fruto - mais do que da motivação pessoal, que em alguns era pouca - de uma fabulosa capacidade de raciocínio e memorização, própria de cérebros novinhos em folha. Alguns jovens, com estudos superiores quase terminados, eram naturalmente os ases da classe.
Nos seniores passa-se exatamente o contrário: à menor capacidade de rápida aprendizagem, contrapõe-se uma muito maior motivação e responsabilidade - assim espero.
Penso que todos eles têm plena consciência da enorme barreira colocada à sua integração, decorrente do facto de não falarem português. A tendência é juntarem-se em colónias de francófonos, residentes nas proximidades, e auto-excluírem-se do restante tecido social.
Para alguns, a comunicação com a comunidade tem-se resumido, como me confessam, às palavras suficientes para terem uma vida funcional: ir à compras, ao médico, ao café ou ao posto de combustível. Em tudo o resto, por desconhecimento da língua, vivem alheados da realidade que os circunda, .
Cabe-me a mim como professor incutir-lhes um espírito de resiliência, mas terão de ser eles mesmos a medir os seus progressos e a esforçarem-se por querer ir sempre mais além, conscientes que estão dos benefícios que podem colher do facto de aprenderem Português.
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