terça-feira, 7 de março de 2023

Março, marçagão...

 

Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de verão".

 Estamos quase a entrar na estação bipolar, no tempo do renascimento, em que as coisas da natureza se refazem. Pelos interstícios da chuva, acabo de chegar do Pingo Doce, ainda com os ouvidos encharcados com a publicidade em repeat:” Preços de 2021, só no Pingo Doce!” - Tudo isto acompanhado por um jingle irritante que não cessa de nos atazanar. Irra! Não há pachorra! O marketing, a publicidade sofisticada, invenção dos norte-americanos, é um pouco como aquela mentira que, de tantas vezes ser dita, acaba por se tomar como verdade. Com um elevado grau de certeza, posso afirmar que a publicidade sempre teve em mim um efeito contrário: quanto mais escuto elogios sobre um produto mais desconfiado fico. Acredito, outrossim, nos relatos de experiências alheias de gente que reputo confiável e baseio as minhas decisões na prática pessoal  ou na alheia credível. A despropósito desta conversa, já tentaram marcar um exame radiológico aqui na cidade? O Hospital São Francisco não tem sequer vagas para marcação, fica-se em lista de espera a aguardar desistências ou vagas. A funcionária garantiu-me que há quase 300 almas a aguardar. A clinica Cedile marca uma ecografia para final de Junho e já tem poucas vagas. É evidente que, fora dos regimes convencionados, quem puder pagar na íntegra os exames, fá-los rapidamente noutros estabelecimentos privados. Não é exagerado dizer que muitas pessoas quando forem convocadas já foram cremadas e o problema fica naturalmente resolvido. 

Hoje deu-me para a maledicência e para o desabafo mas daqui a pouco, quando agarrar de novo na guitarra, faço uma pausa na preocupação com os desajustes do quotidiano. Há coisas que não mudam nunca e o segredo talvez seja aprender a conviver com isso, num constante processo de adaptação.






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