domingo, 24 de setembro de 2023

A F da FDL



Estando eu numa clínica privada cá do burgo, aguardando consulta, eis que reencontro a F., magistrada judicial na cidade, antiga colega da FDL, desde sempre moradora na cidade do Lis. Depois das perguntas triviais - só nos encontramos de tempos a tempos e sempre por casualidade -, contou-me, com os olhos marejados de lágrimas, que tem o filho de 16 anos com graves problemas no estômago e o seu marido, com 56 anos de idade, acabou de remover o dito órgão, face a um cancro maligno que entretanto lhe surgiu.

À F., sempre lhe conheci um temperamento forte e resiliência - sei que apesar de estudar à noite na Faculdade, trabalhar e morar a mais de 150 kms de distância, nunca pensou desistir do curso, do trabalho ou do namoro ( que na época já mantinha com o agora marido e pai dos seus filhos). No entanto, nunca a tinha visto tão fragilizada e esfrangalhada dos nervos. Tudo isto, acontecido em pouco tempo, deitou-a abaixo.

Despedi-me da F., falámos apenas alguns minutos e, no caminho de regresso a casa, não pude deixar de pensar sobre o quão frágeis somos. O que hoje é, num instante deixa de ser. Não há certezas absolutas, planos e vidas que não possam desmoronar em pouco tempo. Face às circunstâncias da sorte, ou da falta dela, a nossa vida pode cambiar num instante e ninguém está realmente preparado.


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