domingo, 17 de janeiro de 2021

Volta, Sebastião José de Carvalho e Melo!



Esta situação que vivemos atualmente é tão suis generis que, creio, nem o melhor guião de um filme de ficção cientifica conseguiria a capacidade imaginativa para esboçar uma história idêntica.

Portugal passou de país exemplar aos olhos do mundo, em termos de infeções e boas práticas sanitárias, mencionado com destaque na imprensa internacional, para a nação que no mundo tem atualmente mais infetados por cada milhão de habitantes. E esta é a realidade com que hoje nos defrontamos.

É triste. É dramático. A verificar-se uma saturação total nos hospitais, como se anuncia para breve, no limite, muitas pessoas vão morrer, seja por Covid, seja por qualquer outra patologia que não possa ser socorrida por falta de meios humanos.

Ninguém conseguiria imaginar que os anos 2020/2021 trariam esta catástrofe ao mundo, já que desde há muito tempo (cem anos, pelo menos) a Humanidade não conhecia tamanha tragédia sanitária. 

A pneumónica, a tuberculose, a tosse convulsa, a febre tifóide, a cólera, a peste medieval, que dizimou 2/3 da Europa, são histórias do passado, derrotadas pela pujante ciência e pelas miraculosas vacinas, entretanto desenvolvidas e generalizadas.
 
Os irmãos da minha mãe, no início dos anos 50, faleceram quase todos com tuberculose. Ela, hoje com 86 anos de idade, ainda recorda essa mácula associada à sua infância. A penicilina, além de rara, pois só mais tarde viu o seu uso generalizado, era administrada apenas a quem tivesse grandes posses económicas. Uma grama custava uma fortuna.

Muitos de nós, onde eu me incluo, com a habitual sobranceria que caracteriza a espécie humana, no que respeita a eventualidades deste género, julgávamos que a probabilidade da disseminação generalizada de uma doença mortal fosse, nos dias de hoje, algo impossível de acontecer. Só mesmo no cinema, nos filmes catástrofe, para os apreciadores do género.

Cada um de nós vive esta situação de acordo com a sua forma própria de subjetivar o que está a acontecer. Uns refugiam-se na família nuclear, outros, solitários, como eu, procuram manter hábitos desportivos - mens sana in corpore sano - para obstar ao fecho dos ginásios e de todas as atividades grupais, onde se incluía a prática das caminhadas em grupo, que muito aprecio.

Enquanto há vida há esperança e acredito que, depois de muitas mortes, onde eu próprio posso vir a estar incluído, as vacinas vão começar a surtir efeito, a imunidade na comunidade vai surgir e o Covid será depois apenas mais um vírus, a integrar a coleção de tantos outros que nos rodeiam. Só que domesticado, sem a parte selvagem e letal que ainda o caracteriza.

Há por aí muitos saudosistas do fascismo que passam a vida a suspirar e a dizer que faltava cá era o Salazar. A meu conselho, matem-se e vão ter com ele ao Inferno, pois é onde provavelmente o encontrarão.

Eu não alinho com os que dizem que faz cá falta o ditador de Santa Comba, mas um pragmático como o Sebastião José de Carvalho e Melo, com os tubaros no sítio, para enterrar os mortos e cuidar dos vivos, seria bem-vindo. Acontece que o dito marquês morreu há mais de 300 anos - aqui bem perto, em Pombal, na Quinta da Gramela - mas com tanto pensamento mágico que vejo aqui pela rede social, quem sabe não vai alguém reencarnar o saudoso nobre e salvar-nos a todos desta pestilência?!


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