segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Deixa o vírus correr



Todos os dias nos noticiários vejo que diversos países por esse mundo fora estão a aligeirar as medidas de contenção e proteção contra o Covid-19. A Dinamarca, salvo erro, vai mesmo abolir o uso da máscara em espaços fechados. Trata-se do primeiro país da União Europeia a levantar as restrições relacionadas com o Sars CoV-2.
 
A medida foi justificada com a elevada taxa de vacinação e com o facto da variante Ómicron ser “menos agressiva”. Mas a notícia está a ser simultaneamente gratificante e preocupante para os dinamarqueses, já que o número de infeções continua a registar máximos diários e os hospitais continuam a trabalhar no limite.

Todos nós, irremediavelmente, mesmo sem possuir valências científicas, opinamos sobre esta catástrofe que, vai para três anos, forra os nossos quotidianos. Eu sou mais um opinante, como tantos outros, mas que fica perplexo ao saber que desde há um tempo, não muito felizmente, morrem em Portugal diariamente, 61, 53, 59 pessoas, sem que os números abrandem. Perante estes factos, como é possível falar-se em aligeirar as medidas de proteção?
 
Estas vexatas quaestios colocam-me as seguintes interrogações: A pandemia já acabou, como alguns iluminados anunciam? Este alijar de medidas é uma forma sub-reptícia de atingir a “imunidade de grupo”? – deixa todos infetarem-se e depois salvam-se os mais aptos e os imunodeprimidos vão para o galheiro. Será que estamos perante uma presuntiva abordagem malthusiana do problema? Uma seleção darwiniana das espécies mais aptas?

Não nos esqueçamos que o sinistro Malthus no “ An Essay on the Principle of Population”, alertava que a população crescia em progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos crescia em progressão aritmética e que o crescimento populacional deveria ser controlado, sendo que as epidemias e toda a espécie de doenças, bem como as guerras, eram necessárias ao equilíbrio populacional.
 
Provavelmente estou a efabular cenários que não explicam esta aparente irresponsabilidade de “deixar o vírus correr”, ou, pelo menos, recuso-me a admitir que seja esse o real propósito, mas aqui do alto da minha gritante ignorância cinjo-me aos factos: morrem mais pessoas em cada dia que passa. Qual a sua condição clínica? Tinham comorbidades associadas? Qual a sua idade? Estavam triplamente vacinadas? Em que circunstâncias se infectaram?

Porque será que a DGS, mantendo obviamente o anonimato dos falecidos, não detalha a situação das pessoas que diariamente morrem por Covid em Portugal?


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