segunda-feira, 7 de junho de 2021

Dá cá o bracinho

Meio milhão de pessoas não respondeu ao sms com a chamada para a vacina e, segundo li, essa atitude pode comprometer a meta do nosso vice-almirante de seringar cem mil almas por dia.

As razões serão de vária ordem. Admito que muita gente não quer efetivamente ser vacinada, quer por pertencer à classe dos negacionistas, ou por ter sucumbido aos medos dos "efeitos secundários" do imunizante, quando todos sabemos que as vacinas, desde o século XIX, têm assegurado a sobrevivência da humanidade.

A primeira vacina do mundo foi descoberta há 224 anos na Inglaterra. Edward Jenner iniciou o combate ao vírus da varíola e o processo foi descoberto 100 anos antes de que o mundo tomasse conhecimento sobre o que eram os vírus.

A varíola era uma ameaça gigantesca à humanidade e a batalha contra ela era travada há séculos. Sabe-se hoje que esta foi a doença viral que mais matou na história. Só para fazer uma comparação: o novo coronavírus tem uma taxa de letalidade global de 6,5%, a varíola tinha taxas de 30%!

Aqui para nós, que ninguém nos escuta e poucos nos lêem, a falta à chamada para as vacinas e a não adesão ao agendamento, deve-se mais à incapacidade funcional de lidar com o telemóvel do que a outro motivo qualquer, mormente a recusa firme de não ser vacinado. Estou em crer que os que não querem oferecer o bracinho à picadela constituem uma camada residual da população.

Todos sabemos, ou devíamos saber, que se não fossem as vacinas, doenças como a varíola, a tuberculose, o tifo, a malária, o sarampo, a poliomielite, para enumerar apenas algumas, a título exemplificativo, teriam dizimado camadas muito mais substanciais da população mundial. A esperança média de vida, não sendo igual em todos os países, pelos motivos que sobejamente conhecemos, nunca foi tão elevada e nunca a ciência foi capaz em tão curto espaço de tempo de descobrir e fabricar em larga escala um imunizante.

De pouco tem servido dizer que os efeitos secundários nefastos e letais decorrentes da vacina, têm acontecido numa escala ínfima e que os medicamentos que todos os dias tomamos, e deles abusamos, têm um potencial letal muito maior.

Tem razão o nosso vice - que, espero, no final do processo de vacinação, perca esse nefasto prefixo e seja finalmente promovido a almirante - para estar preocupado com a almejada média das cem mil vacinas por dia. Anda muita maltinha a boicotar as coisas e a lixar a meta da imunidade de grupo para agosto.

Eu se fosse comandante chefe da marinha tomava de assalto os bracinhos dessa gente toda e, gostassem ou não, levavam todos com a picadela ou não recebiam o subsídio de férias.


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