sábado, 19 de junho de 2021

O efeito Dunning-Kruger

Você já ouviram falar do efeito Dunning-Kruger? É um viés cognitivo que leva as pessoas com menos habilidade e conhecimento a pensar que sabem mais do que as outras. Quanto menos elas sabem, mais pensam que sabem.

Muitas vezes, aqueles que têm esse problema tendem a impor as suas ideias, em vez de simplesmente dar uma opinião, considerando-as verdades absolutas. Os outros são vistos como totalmente ignorantes e incompetentes, mesmo que não o sejam.

No correr da vida, tenho-me deparado com muitas destas criaturas que, para além de manifestarem uma absoluta falta de humildade perante o conhecimento que outros demoraram vários anos, uma vida, a adquirir, são frequentemente arrogantes e irredutíveis.

O exemplo paradigmático é a crença popular, totalmente desajustada, de que no regime da separação de bens os cônjuges não são herdeiros um do outro.

Estudos recentes, por mim lidos, perceberam que, quanto mais incompetente era uma pessoa, menos consciente disso ela era. Enquanto as pessoas mais competentes, não raro, se subestimavam.

Daí o efeito Dunning-Kruger, segundo o qual pessoas com baixo nível de competência tendem a pensar constantemente que sabem mais do que sabem, considerando-se mais inteligentes.

Os casos típicos que têm acontecido ao longo da minha vida, são a frequência com que me deparo com os "juristas de café" - muito similares aos "médicos sabichões", que tudo sabem sobre doenças e prescrevem tratamentos para todo o tipo de maleitas - com perceções totalmente erradas de como funciona a Justiça, as leis, e afirmam que a uma determinada situação corresponde uma certa solução legal, seja porque "ouviram dizer" ou porque "a uma certa pessoa amiga aconteceu assim".

Longe vão os tempos em que me enfurecia com tamanha ignorância e, não sem uma certa ingenuidade, tentava explicar, em discussões desajustadas e infrutíferas, que a lei é muitas vezes diferente daquilo que dela se pensa.

Hoje já não perco tempo com criaturas que não estão abertas à dúvida, não evitando impor o seu próprio ponto de vista; e que, não aceitando a palavra de técnicos, que estudaram anos a fio para chegar a certo tipo de conhecimentos, continuam a insistir em crenças absurdas, com absoluto desdenho por quem realmente sabe.

Os ignorantes têm, como toda a gente, direito à vida, mas dentro da bolha de idiotice de que é formado o seu pequeno mundo, do qual não abdicam nem parece quererem sair.


Sem comentários:

Enviar um comentário