quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Lido por aí: “70% dos internados nos cuidados intensivos em Lisboa não estão vacinados.”



Lido por aí: “70% dos internados nos cuidados intensivos em Lisboa não estão vacinados.”
Os negacionistas, seja a maltinha (sempre) do contra, os que acreditam que nos injectam chips no corpo para nos controlarem, ou que predizem que todos os vacinados têm apenas dois anos de vida, têm direito a existir. A nossa complacência e cultura democrática, que endeusam a liberdade de expressão como um Direito Fundamental, permitem o livre arbítrio no exercício da estupidez (ainda não foi proibida) e da ignorância superlativada.

Invoca esta gente que o direito de não ser vacinado é um Direito Fundamental. Na verdade, a recusa de tratamento médico fundamenta-se na liberdade de consciência, de religião e de culto, bem como na salvaguarda da integridade física e moral, todos considerados Direitos Fundamentais pela Constituição da República Portuguesa. Também o Código Deontológico da Ordem dos Médicos impõe respeito pelas opções religiosas, filosóficas ou ideológicas dos doentes, garantindo que recebem o tratamento e conforto moral adequados à sua convicção.

Esta disposição foi expressamente pensada para todos aqueles que, por qualquer motivo, não desejam que lhes seja ministrado um determinado tratamento face a uma dada circunstância limite. Todos certamente se lembram dos Jeovás e da sua recusa em receber transfusões de sangue, mesmo em situações que possam implicar a perda da vida.

Na minha ótica, cada um é dono da sua vida, do seu corpo e, em situações extremas, que impliquem doença grave, irreversível e letal, com grande sofrimento, deve poder decidir sobre o seu destino: aceitar tratamento paliativo ou abreviar a vida e morrer com dignidade e mínimo sofrimento.

Uma coisa totalmente diferente é alguém escudar-se nas normas constitucionais que defendem o livre arbítrio, sobre a recusa de tratamento médico ou administração de vacinas, quando essa posição coloca em risco a vida da restante população. O meu Direito cessa quando atinge o Direito do outro: o Direito de não ser contaminado, de não adoecer e de não morrer face à obstinação do outro não se querer vacinar. Não é preciso ser jurista para saber/entender que é desta forma que se deve perspetivar a situação.

Como se não bastasse, a regra elementar de que qualquer Direito cede perante outro Direito mais forte – as situações na lei são imensas e ilustrativas – que raio de justiça é esta que obriga o cidadão vacinado e pagador de impostos a patrocinar os tratamentos médicos dos negacionistas que, entretanto, se infetaram e eventualmente infetaram outros?

Que justiça é esta que permite que os profissionais de saúde deixem de acudir utentes com outras patologias, para tratarem 70% de infetados com Covid 19 na cidade de Lisboa, que se recusaram a ser vacinados?

Quem responderá pelas vidas que se vão perder, pelos tratamentos e cuidados de saúde que deixam de ser prestados, porque os técnicos de saúde estão quase todos mobilizados a tratar os negacionistas?

Em Singapura, quem não se vacinar, caso adoeça com Covid, terá de custear os seus próprios tratamentos, já que o Estado não o fará.

Sou obrigado a usar o cinto de segurança quando conduzo o meu automóvel e, quando ando na minha mota, tenho de usar um desconfortável capacete na cabeça - que me tem levado parte do cabelo. Caso não o faça, as coimas são pesadíssimas. Por que raio não posso partir o (meu) externo ou esmagar a (minha) cabeça, ambos partes do meu corpo e que só a mim dizem respeito, exercendo o livre arbítrio de não me proteger?

A propagação de doenças infeto-contagiosas é um crime punido pelo nosso Código Penal e por isso ainda menos entendo a argumentação dos negacionistas. E o que mais me preocupa é que vejo bastantes pessoas inteligentes, seres pensantes, que continuam a negar a ciência, burilando teses absurdas para justificar o seu Não à vacinação.

A vacinação contra o Covid deveria ser obrigatória e a falta dessa medida já peca por tardia.

Se a nossa espécie ainda não se extinguiu, face à enormidade de vírus e bactérias que nos têm acompanhado ao longo da História da Humanidade, foi precisamente devido aos avanços da ciência e as vacinas têm ocupado um papel crucial em todo esse processo.

Infelizmente, o fanatismo e as crenças absurdas, uma vez instaladas na nossa mente, desafiam quaisquer esquemas lógicos de pensamento e são um convite aos caminhos da irracionalidade. Sempre assim foi e sempre assim será.




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