terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Liberdade de escrita

Por vezes, quando compramos uma revista, ou lemos determinados blogues mais intimistas, é por vontade de saber da vida de pessoas que julgamos interessantes, dos seus pormenores, sejam eles brejeiros ou sórdidos, não porque nos achemos necessariamente pessoas desinteressantes e indignas de qualquer registo, mas porque faz parte da nossa essência termos uma certa curiosidade. Há blogues com inegável valor literário, outros com representações fotográficas, cinematográficas e de arte espantosos, ou com belíssimas selecções musicais. Outros há que afloram as clivagens, o consenso e o conflito social, com nítida vocação política, sem esquecer  os blogues onde o bom humor impera. Enfim, há blogues com temáticas para todos os gostos. Mas são inegavelmente os blogues com vocação intimista que atraem mais a atenção do leitor comum. Felizmente, ainda há quem aprecie uma "boa conversa",  ainda que em forma de monólogo, que seja uma partilha de ideias, ou uma exposição mais ou menos reservada de universos pessoais que, num dado momento, se partilham com gosto. Nestes tempos vorazes, tomados pelo pragmatismo, em que falar se vai espartilhando à necessidade de dar e receber informações, parece quase um exercício de infantilidade perdermos tempo lendo, ou escrevendo, coisas que fujam à lógica feroz desse ditame. E esta é a  atitude de muita gente perante a leitura e a escrita: não perder tempo com  "textos minimalistas" onde a subjectividade impere, pois somente interessa o texto formativo. Com a democratização da possibilidade de publicar textos, proporcionada pelas novas tecnologias, a blogosfera tornou-se um espaço onde todos os que escrevem, ou querem ter algum tipo de intervenção diferente, tal como publicitar vídeos ou textos alheios, encontram o seu lugar. E ainda bem que assim é, em prol de todas as idiossincrasias.

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