quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O outono do verão

Imagino que seja o outono do verão,
que se anuncia com decotes mais lúdicos,
nos seios destes dias que se recolhem estrábicos,
ao leito da ermida galdéria onde gozam,

Esta escrita néscia, quase hemorrágica,
expatriando pensamentos avulsos, 
que me acompanha até o hino de soluços,
esfriar em mim a glosa infame e trágica,

Desta minha vida exposta em maqueta,
a miniatura tridimensional de uma obra
sempre adiada - um exército em manobra,
morto de perseverantes - irrequieta,
mãe de construções asneiras, de sobra,

Onde eu, o progenitor desta vetusta senda,
calcorreio, por teimosia, quase a contra-gosto,
estradas corta-fogo, na selva densa que é a adenda,
que bordeja os lugares onde me sorve o desgosto,

Que é gosto, de me perder neste halo de verduras,
com o sol a pino, entre as folhas faiscando,
e o vento seduzindo aves petizes, por desmando,
que ganham os céus no porvir das agruras,

E, tal como os pássaros da noite, finjo que durmo,
com uma pata alçada e olhos de pagode, soturno,
nos galhos entrelaçados do Estio da minha vida,
fazendo soar um piar absurdo na hora da partida




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