sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.

 



Hoje assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Na verdade, todos os dias são comemorativos de alguma coisa e, na falta de um calendário maior, celebram-se vários factos relevantes no mesmo dia; alguns certamente mais importantes e justificáveis do que outros.
Não deixa de ser triste constatar que, infelizmente, a violência contra as mulheres, seja no seio conjugal, ou numa relação de namoro, apesar de uma assinalável evolução das mentalidades, proporcionada pela educação e por uma sociedade mais informada, continua a existir.

É, no entanto, sinistro constatar que a violência cometida contra as mulheres acontece quer entre jovens e/ou seniores, sejam pouco ou muito escolarizados, não poupando, na sua transversalidade, qualquer camada sociocultural.

Recordo a rocambolesca história de um médico, digno de um remake da novela gótica Jekyll e Mr. Hyde, escrita por Robert Louis Stevenson, figura de proa nos meandros sociais de uma pequena cidade, onde se emproava em cargos políticos ao mesmo tempo que praticava medicina, que sovava a mulher a ponto de um dia lhe ter partido ambos os braços. Esse sociopata, querido e endeusado pela população, figurão mestre em manipulação e embuste, chegava a dar consultas grátis como forma de se promover, com vista a atingir os seus propósitos de ambição pessoal.

O mito da “família idealizada” levou-nos a pensá-la como um lugar de afetos e de expressividade íntima, onde ninguém tinha o direito de interferir: “Entre o marido e a mulher ninguém mete a colher”. Esta idealização associada a outros mitos foi, em parte, responsável pela negligência da gravidade do fenómeno da violência exercida contra as mulheres, considerando-a, muitas vezes, como uma componente normal num relacionamento conjugal.

As nossas sociedades estão repletas de inarráveis crueldades cometidas contra as mulheres e outros membros da família. No nosso país, apesar de se supor que é um fenómeno que afeta inúmeras famílias, só recentemente é que foi colocada de forma evidente na agenda política nacional.

Há coisas que, apesar de já contar com seis décadas de existência, ainda me deixam perplexo. Como é possível um homem agredir fisicamente, ou psicologicamente, uma mulher, ainda que um facto grave, que justifique colocar um ponto final num relacionamento, tenha acontecido?
As relações amorosas devem subsistir enquanto são motivo de felicidade para ambos os intervenientes e a coragem de as terminar, quando a sua manutenção já não é desejável, não é desonra para ninguém. Assertivamente é mesmo o que se deve fazer, pois o tempo tudo sara.

Ao findarmos um relacionamento tóxico estamos dar, a nós mesmos e ao outro, a oportunidade de um reencontro com a tão desejável paz perdida. Ainda que a encontremos apenas dentro de nós mesmos.



Sem comentários:

Enviar um comentário