quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Tornar-se Pessoa

 



Nos últimos meses, fruto de uma atividade que havia imenso tempo desconectado da minha vida e que entretanto retomei, tenho conhecido muitas pessoas. Em virtude do acaso ou de algum propósito metafísico que me escapa ao entendimento, retornei a um lugar do meu passado e tenho interagido com diferentes pessoas, algumas tão díspares de mim como a Lua e o Sol.

A aceitação do outro tal qual ele é, na sua diferente construção mental, prevalências, atitudes e entendimento, é neste momento, uma das tarefas mais árduas que me desafiam. É preciso (re)aprender a escutar, colocar-me no lugar do outro, praticar a humildade, refrear a soberba, rejeitar a crítica fácil, bem como a vontade de contraditar que muitas vezes me forra. Tudo na vida requer treino e uma mudança de comportamento, se por nós for desejada, não foge a essa regra.

O comportamento humano sempre me fascinou e desde muito novo que, a par dos romances da Agatha Christie, que são mini lições sobre a mente humana, comecei leituras de Psicologia. Carl Rogers, um psicólogo norte-americano, falecido nos anos 80, teve uma importância capital na minha compreensão do desempenho humano. Recordo em particular o livro “Tornar-se Pessoa”, escrito de uma forma acessível, sem os jargões técnicos recorrentes nas obras da especialidade, cuja segunda leitura possibilitou descobertas que muito me ajudaram.

Rogers escreveu que ”Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele” e essa é uma das mais difíceis tarefas que nos desafiam, quando lidamos com pessoas que não fazem parte da nossa matriz de afinidades habitual.

Gostar das pessoas pelo que elas são, deixando de lado as expetativas do que queremos que elas sejam, refreando o desejo de adaptá-las às nossas necessidades, é uma maneira muito mais difícil, porém mais enriquecedora de viver relações satisfatórias.

O ato de viver é dinâmico e novas experiências, diferentes abordagens, daquilo que padronizámos como sendo a nossa habitual forma de pensar e agir, podem ser colocadas em questão. E esse é por ora o meu propósito.



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