domingo, 12 de junho de 2022

A minha Fonte da Telha


Não faço ideia que idade eu teria, talvez uns 7/8 anos. A foto é dos anos 60 e foi tirada pelo meu pai, na Fonte da Telha, perto da Costa da Caparica, à porta de uma casa que nos emprestaram para umas férias de verão.

Nessa época, a Fonte da Telha era um lugar inóspito, acessível apenas por um autocarro da carreira, vagaroso e fumarento, que partia de Cacilhas e fazia a viagem quatro vezes por dia. Quando a demanda era muita, em especial no pino do verão, faziam os famosos desdobramentos e aumentavam a frequência diária. Somente os mais afortunados tinham automóvel, um acessório indispensável nos dias de hoje, e a maioria da população usava os transportes públicos e achava normal estar 3 horas na fila, na torreira do Sol, à espera do autocarro para a ir à praia.

Até meados dos anos 70, na Fonte da Telha, não havia água potável nem luz elétrica. Apenas boas praias, natureza e um ar extremamente saudável e não poluente.

Recordo-me que existia um trator com um atrelado que transportava as pessoas desde a arriba até à praia e também no regresso. As pessoas sentavam-se em bancos de madeira sem qualquer proteção ou regras de segurança. Como não havia água potável nem luz elétrica no local, em nosso auxilio, usávamos candeeiros a petróleo. Um aguadeiro passava pelo local e vendia-nos água fresca e também alimentos. Tudo era transportado em carroças puxadas por mulas e o mundo ficava mais aventuroso e apetitoso para a criançada.

As memórias do Facebook trouxeram-me esta recordação que me foi enviada em 2011 pela minha prima Paula Arocha.

Eu estou com uma bola na mão e, à minha esquerda, o meu irmão mais velho. No lado direito, a minha dita prima Paula.

Velhos tempos de inocência e abundante felicidade.


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