sexta-feira, 16 de março de 2012

Maturidade



Contra tudo o que se possa esperar, por vezes vindo de mentes iluminadas, arautos das correntes libertárias da educação, impregnadas pelas leituras de Freud, Charcot e Piaget, não acho que as crianças devam ser deixadas à rédea solta, à bolina da sua criatividade e auto-orientação. Ainda que condescenda com alguma critíca ao conservadorismo das minhas opiniões, julgo que a disciplina, as regras imperativas, o não patuar com certos caprichos das crianças e dos jovens, pode ser temperado com montanhas de afecto. E é sempre esta a receita que molda um bom carácter. A questiuncula é anosa, mas sempre actual: cada macaco no seu galho. Os pais não devem demitir-se da sua autoridade e aos filhos exige-se, sempre dentro dos limites do razoável, entenda-se, respeito e obediência, As crianças irão um dia mais tarde agradecer aos adultos o facto de estes lhes terem mostrado «quem manda», quem indica os caminhos a seguir, numa altura em que ainda possuem uma maturidade nascente. Isso fá-las sentir-se seguras, equilibradas, diminui-lhes os estados de ansiedade, e prepara-as de um modo saudável para a vida adulta. Não há capital melhor para a vida de um adulto, do que ter tido uma educação repleta de bons exemplos e pais que os encham de orgulho e sejam modelos a seguir. Cada coisa a seu tempo. Sob o guarda-chuva da maturidade, estão competências como o controlo das emoções, a segurança, a responsabilidade sobre os próprios atos e capacidade de engajar pessoas. As empresas precisam de gente preparada para lidar com cenários incertos sem vacilar. E ter maturidade é uma condição fundamental para quem pretenda evoluir de forma consistente numa carreira. Os ganhos de maturidade devem ser semelhantes aos que se verificam numa maçã que frutifica numa árvore, daí a metáfora «amadurecer» constituir a imagem perfeita para exemplificar a passagem da idade juvenil para a idade adulta. Por vezes é preciso ter ultrapassado meio século de existência para que estas verdades resultem cristalinas na nossa mente, e faz parte da condição juvenil dar pouca atenção às palavras maçadoras dos mais velhos. Julgo que sempre assim será.

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