quarta-feira, 7 de março de 2012

Pela manhã...

Esta clivagem infernal entre criaturas que vivem eternamente nas luzes da ribalta e os condenados a viver na sombra, sempre me incomodou. Visceralmente, por razões do coração, onde cabem opções politicas e morais, entre outras, sempre me insurgi contra os poderosos e me senti mais próximo daqueles que nada têm, e cuja importância é tão diminuta que grande parte da sociedade acha-se no direito de os desprezar. Esta minha forma de sentir afirma-se com clareza sempre que me deparo com pessoas deste calibre. Os meus heróis pouco ou nada têm a ver com gente que dribla bem com uma bola nos pés ou nasceu em piscinas repletas de dinheiro. No amor em fazer bem ao próximo, na cultura, nas artes em geral, na poesia e na literatura, fermentam-se os meus heróis - aqueles que, porventura, não me importava de imitar, caso tivesse a sua verve. Infelizmente, vivemos numa época de imediatismos que atribui maior valoração a capacidades imprestáveis e à posse de bens materiais. A sede insaciável do Ter, a ânsia de subjugar o próximo, a vertigem do poder, são os paradigmas que guiam o tempo que vivemos e no qual não me sinto integrado. Talvez eu seja um romântico, um idealista, um fantasioso, como já me chamaram, com um modo de sentir consentâneo com modelos sociais hoje considerados retro, mas, mesmo assim, não abdico daquilo que me constitui e integra. Não fora isso o que seria de mim?    

Sem comentários:

Enviar um comentário