quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Há quase 50 anos...


"Quarenta anos é a velhice dos jovens; cinquenta anos é a juventude dos velhos." 

(Victor Hugo)

Não chega a ser angústia, é antes um frémito, um nervoso miudinho, quando penso que dentro de um três dias vou fazer cinquenta anos. Chamem lá o que quiserem à efeméride, mas é incontornável que dentro em breve celebro meio século de vida. Parece que o facto se deveria passar de forma natural, como se fosse apenas o acrescento de um ano à idade que já possuo; mas não. Fazer cinquenta anos, muito mais do que fazer trinta ou quarenta anos, é um marco na vida de alguém. Muitos não tiveram a sorte de atingir o meio século de existência, pelo que, vistas as coisas por esta perspectiva, devo sentir-me agradecido à vida ter-me proporcionado chegar tão longe. O que mudou na minha vida? Cada vez mais procuro uma imensa paz de espírito, uma beatífica tranquilidade, uma inefável bem-aventurança, que me permita sorrir satisfeito ou, pelo menos, lidar com a vida e com as mil contrariedades do quotidiano levemente. Mas nem sempre consigo. Cada vez me é mais penoso fazer fretes e lidar com gente medíocre que nada acrescenta de positivo à réstia do meu tempo livre - hoje, muito mais precioso. Mas, felizmente, ainda me sobra alguma inquietação para me sentir insatisfeito com muitas coisas e desejar fazer mais e melhor. Aliás, não tenciono despir esta roupagem de insatisfação e a apreensão que a constitui e assimila, ainda que poeticamente, à luz trémula que assinala todas as existências, mormente a minha. Há ainda muitas coisas para fazer e o caminho faz-se caminhando.

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