segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Shut the fuck up!



Quem fala de mais até dá bom dia a cavalo!



No meu local de trabalho há um grupo de galinhas poedeiras que acham que a forma ideal de comunicação é o riso e a fala ininterrupta. Usam sem parcimónia o instrumento vocal, em modo constante e uma oitava acima, entre-cortado por gargalhadas em falsete, para tecerem comentários sobre os mais variados assuntos, por maior que seja a insignificância de que os mesmos se revistam. Falam como se fossem matracas, até à exaustão, ignorando completamente o valor do silêncio ou a oportunidade da intervenção. Parece que se não falarem em alta voz e num atropelo de palavras vão implodir - o que nem seria mau de todo - e interrompem constantemente a minha parca concentração. Eu também gosto de falar. Gosto mesmo muito. Mas guardo as minhas palavras para fóruns apropriados e evito perder tempo com trivialidades que não carecem de grandes comentários. Talvez que a minha impossível sociabilidade com um certo tipo de gente, essa irremediável clivagem, influencie a incomodidade com o ruído de fundo provocado pelas minhas colegas poedeiras. Uma vez que ainda não inventaram próteses com filtros auditivos, nem são permitidos auriculares ou head phones no local de trabalho, que possibilitem o sufoco deste barulho constante, todos os dias tenho de fazer um esforço sobre-humano para me alhear dos corócócós. É um lugar comum dizer-se que as mulheres falam pelos cotovelos, pois também há homens assim. As pessoas gostam, sobretudo, de se fazer ouvir e de se escutarem a si mesmas, talvez por ser uma forma imediata de se sentirem afirmadas e correspondidas. Existe um ditado que diz: "falar é prata, calar é ouro", que assenta como uma luva naquilo que me apraz hoje dizer. As pessoas que falam em demasia, causam sérios transtornos a todos, inclusive a elas mesmas; e justamente por falarem demais não têm tempo para pensar, ouvir e aprender. E as palavras e as atitudes têm esse grande poder de gerar sensações agradáveis ou não. Uma palavra bem colocada estimula pessoas e consegue bons resultados. Uma palavra mal colocada gera desconforto, constrangimento e o resultado será sempre nulo ou desastroso. É claro que depende do contexto e a tendência também tem muito a ver com o genótipo e o fenótipo da criatura em apreço. 

A probabilidade de algum dia uma das minhas colegas descobrir o meu blogue e ler este texto é reduzida, mas a acontecer tinha a inegável vantagem de ficarem a saber o que penso delas. Eu prefiro – e creio que o faço melhor – escrever do que falar. Escrever é a minha forma de expressão por excelência, embora não seja necessariamente inócua, nem isenta de contundências ou contradições, mas faço os possíveis por a preservar de ruídos e atropelos, ou retornos idiotas e indesejáveis, que não me apeteça tolerar.

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