Uma das doenças do nosso tempo que consomem infinitos recursos e que vale a pena contabilizar é a omnipresente depressão. Hoje em dia é ponto assente que este sofrimento existe directo e visível nas pessoas. Esta tristeza que inunda a alma, cobre o sol e pára a vida é uma doença conhecida desde tempos imemoriais a que muitos de nós não tem forma de escapar. A tal tristeza que não se pode sentir porque parece mal e é antipática para os outros, é um mal dos nossos tempos que desencadeia monstros adormecidos e abre portas a tentativas de suicídio, tal o desespero. Na Internet, não raro, encontram-se textos aflitivos, apelos de socorro por parte de pessoas profundamente deprimidas. Muitas vezes o desfecho é conhecido: o sofrimento é sustido com a paragem súbita da vida. O que nunca tinha visto, talvez por ser um 'local menos próprio' para manifestações deste género, era um texto destes publicado num site dedicado a motociclistas. Por razões óbvias, não revelo o fórum donde retirei o escrito, nem tão pouco identifico o seu autor, mas fiquei deveras preocupado com esta lamuria, que ao mesmo tempo é uma súplica donde se infere uma ameaça velada. Deveras preocupante.
Publicado por A. D. 2011
'Acordei para mais um dia, cheio de medo, sem vontade de acordar. Com medo da solidão de mais um dia, sem calor, sem paixão, sem razão para acordar.
Olho pela janela, o sol abraça-me como que numa tentativa de me aquecer, mas o frio interior é demasiado. Desejo voltar a acender a fornalha que outrora me aquecia o sangue e fazia brilhar, quase tanto como o sol. Mas temo que nunca mais tal aconteça.
Mais um dia triste, sorrio para quem se cruza comigo, num exercício dos músculos faciais, nada mais que isso. Que vontade de sorrir poderia ter?
Abro o facebook, na esperança hipócrita de ver/ler algo que me alegre, mas não, nada, apenas um vídeo que ainda me faz sentir mais deprimido e triste, apesar de ser de uma beleza por muitos esquecida, um gato que tenta ajudar outro gato que fora atropelado por um humano, por uma besta, de certeza.
Por momentos, queria ser um gato e ser atropelado... para pôr fim a esta amargura... mas de seguida, apenas sinto o desejo de voltar a ser lobo. Sim, noutra vida fui um lobo, tenho quase a certeza absoluta disso.
Não peço nada de estrondosamente avarento, apenas... apenas peço para voltar a ser feliz, sendo amado e sendo-me permitido amar de novo... será isso... pedir demais?
Até pode ser que seja pedir demais, numa sociedade consumida pelo consumismo, numa sociedade onde tudo é hipocritamente lindo, se for útil.
Tenho medo de viver mais um dia assim, porque sei que o dia seguinte será igual e por aí fora.... Não percebo porque é que o Universo me quer punir assim desta maneira... sei que cometi alguns erros, mas não terei já pago demais? Eu sinto que sim!
Não. Não queria ter acordado hoje!
E agora, que faço? Sinto-me tão perdido.'
Sem comentários:
Enviar um comentário