segunda-feira, 16 de abril de 2012

Carlos Gardel - Por una Cabeza



Carlos Gardel, um dos mais famosos cantores do tango argentino, celebrado em toda a América Latina pela divulgação do género musical, é, curiosamente, apontado com uma das influências primordiais de Amália Rodrigues. “A Morte de Carlos Gardel”, o livro de António Lobo Antunes, por mim adquirido, depois de ter estado em não sei quantas mãos, mas em óptimo estado de ser lido, na feira de velharias e antiguidades que mensalmente acontece junto ao Mosteiro de Alcobaça, é o terceiro livro de uma trilogia do escritor. O romance é uma espécie de buraco negro onde apenas se encontra doença, morte, ódio, cinismo e amargura. A ação localiza-se num bairro de Lisboa do passado século XX e o tango ocupa o lugar central na vida de várias personagens do livro. O protagonista, Álvaro, deprimido porque a sua mulher o deixou, torna-se incapaz de amar e vive uma vida amargurada, ganhando um rosto sem feições. A sua única razão de viver passa a ser o tango, em especial o tango interpretado por Gardel “Por una Cabeza”.  É, justamente, o tango que mais se popularizou entre nós e não terá sido por mero acaso que o trágico percurso de vida do cantor - que culminou num estúpido acidente de aviação em Medellin, na Colômbia, corria o ano de 1935 – serviu de fonte de inspiração literária para um dos nossos mais ecoados escritores. A Argentina, ou mais cirurgicamente, Buenos Aires, ainda transpira e ecoa a sensualidade da música de Carlos Gardel. Dentro de pouquíssimos dias, vou ao encontro dessas memórias vivas, onde espero encontrar os antónimos da tristeza e do vazio. Sei que vou apenas pelo sentimentalismo. 

(Leiria - 2006)

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