sábado, 10 de setembro de 2022

Ser assertivo é...



Talvez o sentido atualíssimo da questão - a eterna questiúncula entre optar por ter uma reação maior do que a provocação ou, pelo contrário, mostrar superioridade através da imperturbabilidade - tenha atiçado muitas vezes as nossas mentes. Mas de facto é algo que não deixa de ser verdadeiro e que nos acompanha na maioria das interações que estabelecemos no quotidiano, seja no local de trabalho, na escola, no hospital, na universidade ou, inclusive, num mero espaço de lazer entre amigos. São demasiadas as mulheres que se queixam amiúde do avanço da idade, porque que lhes rouba a beleza, porque lhes trás rugas, peles moles, porque faz com que se sintam menos atraentes aos olhos do sexo oposto. Os divãs dos psicanalistas enchem-se de musas e de homens, incapazes de lidar com a voragem do tempo, frustres, sem conseguir tirar partido daquilo que a meia-idade tem de melhor: o ganho em capital de experiência, a possibilidade, única, de conseguirem, finalmente, fazer sínteses e súmulas da vida; a previsibilidade das coisas; e, sobretudo, o domínio do saber-mor da ciência: o conhecimento da causa-efeito, para prevenir, para não descuidar, para não sofrer.

Desperdiçamos grande parte da nossa energia com coisas que pertencem ao passado ou investindo tudo no futuro. Entretanto, o único tempo real que existe é o presente, apesar de fugaz, imparável, incapaz de ser sustido, como uma lufada de vento numa destas manhãs enevoadas. Mas aquilo que se está a passar no preciso instante em que aqui estamos - o agora - é o que mais importa; e é apreciando-o bem que vamos podendo estar contentes com o que somos e temos. Ou seja, felizes na medida do possível. Bem-estar interior é um passo em frente no caminho da mudança para melhor, então porquê levar uma vida carregada de azedumes, exponenciando cóleras, reagindo a atitudes primatas de comparsas que o que esperam de nós é a desorientação para, com mais sucesso, nos atingirem, logo que exponhamos o flanco?

Muito mais do que um mero gesto de cortesia que, desde pequenos, nos é apresentado como fazendo parte da "boa educação", agradecer aquilo que a vida nos dá torna mais fluída a energia que existe no interior de nós mesmos. E esse sentimento de apreciação grata, relativamente aos benefícios recebidos, é uma expressão da alma. Por mim falo. A cólera aumenta os níveis de colesterol, dilata a possibilidade de se vir a padecer de um acidente vascular cerebral, ou de um enfarte do miocárdio. O inevitável, mais do que tudo, é uma verdade semântica; então para quê consumirmos as nossas preciosas energias com seres medíocres que outra coisa não pretendem senão despoletar-nos uma reação: o estímulo (provocação) - resposta (cólera). Porque não contrariar o efeito (por eles) desejado e deixar que um sorriso daviniano anoiteça no nosso semblante?

Eu não quero a guerra, muito menos se estiver instalada dentro de mim. E há sempre muito a fazer para evitar ou amortizar um conflito. Afinal o que mais importa é a forma como nós nos vemos, não as considerações que os outros tecem sobre nós. Se a nossa autoestima estiver bem cuidada, tudo é mais suportável. E no dia em que as coisas não forem assim, é sinal que está na hora de mudar, nem que para isso seja preciso pedir ajuda. Agora vamos todos ver uns landscapes. Vá, fechem os olhos, façam uma forçazinha!


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