quinta-feira, 15 de setembro de 2022

São Pedro de Moel



São Pedro de Moel tornou-se para mim quase uma obsessão de beleza. Nos finais das tardes, sempre que o sol sorri, ainda que contristado com algumas nuvens passageiras, eis-me em peregrinação rumo a esse éden, como se um íman me puxasse. Mesmo que esteja triste, inconcebivelmente triste, a visão daquele mar tão monstruosamente sedutor, daquela terra tão infinitamente variada, as belezas únicas que encerra, fazem-me sonhar... e sonho que tal como há mulheres que me possam inspirar o desejo de as possuir, esta terra - «onde a terra acaba e o mar começa» -, provoca em mim o desejo nascente de morrer lentamente sob o seu olhar, pois que a amplidão do céu, a arquitetura móbil das nuvens, as colorações inconstantes do mar, formam um prisma maravilhoso e apropriado para entreter os meus olhos sem nunca os fatigar. Acho que este lugar, que nunca me canso de fotografar, é um sitio deleitoso para todas as almas como eu que as lutas da vida fatigaram e procuram incessantemente a paz e avidamente a certeza da beleza. Tão somente isso.

Leiria 2007


Sem comentários:

Enviar um comentário