domingo, 7 de maio de 2017

Amas-me porquê?



"Amo-te porque sim. Porque os teus olhos parecem dois favos de mel; porque as tuas mãos são ternas e quentes; porque os teus cabelos são macios como fios de seda; porque o teu sorriso é lindo e cativante; porque, na fímbria do teu olhar, e em ti em geral, descubro sempre coisas que me fascinam."

"E és sempre assim complicado a explicar o porquê de amares alguém, isto é, tens sempre que dar grandes explicações e não és capaz de dizer apenas: amo-te porque simplesmente gosto de ti?"

"Não, e acho que já faz parte da minha natureza, esta forma insurreta de complicar coisas convencionalmente simples e derramar palavras como se fossem jorros de água a brotarem de uma nascente.”

“És poeta?”

“Não. Porque perguntas?"

"É que a forma como te expressas…parece que tens muitas palavras dentro de ti que tens necessidade de as trazer cá para fora. Gostava de saber chorar como tu choras. Eu sou muito dominada do ponto de vista emocional. Acho que não choro desde criança."

"Mas, e se eu fosse poeta, tal mudaria alguma coisa? Gostavas que me comportasse contigo como fazes comigo. Com uma ternura austera que me prende mas nem sequer desafia? Às vezes rio-me do que dizes. Pareces-me ingénua e irracional e pergunto-me por quanto tempo serei capaz ou poderei continuar a sentir-me apertado, como se toda a atmosfera me comprimisse contra mim mesmo, pela tua imagem, pelo teu egocentrismo, pela forma como encaras o mundo: é ele que gira à tua volta e não tu que gravitas em torno dele."

"Cada pessoa é única e eu sou como sou, assim como tu és como és. O que interessa, ao cabo e ao resto, é que cada um de nós seja feliz na sua forma peculiar de ser.”

"Nisso tens razão. Fiquemos então por aqui..." 

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