segunda-feira, 8 de maio de 2017

Pensamento à lá minute


Se acreditássemos piamente em tudo que se diz na imprensa escrita, na rádio e nos canais televisivos, viveríamos hoje em abrigos nucleares, não saberíamos que o sol continua a brilhar no planeta, crentes que estávamos que o mundo que conhecemos já tinha acabado de vez. Por mais pessimistas que sejam as previsões macro-económicas, por piores que sejam as estatísticas de crescimento económico, os cenários de aumento das desigualdades, da precariedade e do desemprego, que significado terá tudo isso perante a eminência da morte? Se retirarmos os óculos de fantasiar e olharmos para as coisas como elas são, logo veremos que o outono é o prenúncio do inverno e este, por sua vez, é o prenúncio da primavera. E, tal como as estações, toda a natureza das coisas obedece a esta fatalidade cíclica. Normal é que passada a tempestade venha a bonança e que depois da vida venha a morte. Para quê tanta preocupação se a vida é uma vela ao vento que se apaga com um sopro menos suave? Creio que uma das nossas maiores fatalidades é a de julgarmos que somos eternos, daí não conseguirmos enxergar a relatividade das coisas. Seriamos muito mais solidários, com um coração mais piedoso, se alguém conseguisse incutir-nos na cabeça, de uma vez por todas, que esta coisa de viver é uma passagem só de ida, com duração aleatória e sem bis no final.

(escrito algures num tempo que já não recordo)

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