sábado, 13 de maio de 2017

Nostalgia



Sempre que vejo retratos, quando sinto cheiros - embora eu já quase tenha perdido o odor de outrora - quando relembro uma ou outra voz peculiar, quando fecho os olhos e deixo o meu pensamento vaguear, tenho saudades de tudo o que de positivo marcou a minha vida.

Sinto saudades de amigos, que nunca mais vi; de pessoas que nunca mais encontrei; sinto saudades da minha infância; sinto saudades do presente que não aproveito de todo, do futuro que, se idealizado, provavelmente não será do modo que eu penso que irá ser. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi, daqueles que não tiveram como me dizer adeus.

Sinto saudades de tantas coisas boas...

Sinto saudades de uma gata angorá, com quem convivi durante nove anos e que gostava de mim incondicionalmente, como só os animais são capazes; dos livros que li e me fizeram viajar por paragens longínquas sem sair do mesmo lugar; das músicas que ouvi e que me fizeram sonhar; das coisas que vivi e que deixei passar, sem as ter gozado na sua plenitude, por incúria, imaturidade desperdício puro.

Se sinto assim tantas saudades é sinal de que (ainda) me sinto integral e vivo. É porque esperanço reincidir em muitos momentos felizes, pese embora já não forrados com o imaginário próprio de uma idade nefelibata.

Mas a vida pulsa-me nas veias, porque, se nós quisermos, ela é um permanente acontecer, traga-nos ela o que nos trouxer. Depreciamos o mau e superlativamos o bom; e viver torna-se o máximo! Chama-se a isto equilíbrio, 'keep the balance', como dizem os psis.

Até que me provem o contrário, não conheço coisa melhor do que viver!

(excerto de um longo texto escrito há cerca de 10 anos, algures no Barreiro)

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