sábado, 16 de abril de 2011

Dos Homens Feministas

É sem dúvida uma nova óptica para a visão feminista e que agrada de sobremaneira a muitas mulheres, o ainda pouco explorado campo que nasce do entendimento de que o machismo prejudica os homens. Não só as mulheres são moldadas para assumir papéis dentro da cultura machista. Os homens também. Reflectindo sobre a educação machista tradicional, percebe-se que ela busca exercer sobre as meninas uma repressão explícita, externa, procurando podar a sua acção social. Mas dentro do universo da ideologia machista essa repressão é oculta. Permite e incentiva a capacidade da mulher na liderança e competência sobre a esfera doméstica, disfarçada nas pseudovantagens proporcionadas pelo machismo: a protecção da mulher, ser frágil, em troca da sua subserviência (uma espécie de 'feudalismo machista'); a ideia pré-concebida de que é ao homem que cabe o papel principal no sustento do lar e que tem a última palavra em tudo - 'ela manda em casa e eu mando nela'. Com o movimento feminista, a repressão social sobre a mulher passou a ser entendida, inclusive pelos homens, como uma desvantagem social, um preconceito sobre a mulher. Mais tarde, depois de tantas posições extremadas por parte das feministas, serviu de bom argumento na boca dos 'contra-revolucionários' a postura radical de algumas mulheres, pese embora coerente com a necessidade de resposta inicial à repressão histórica da ideologia machista sobre a expressão social da mulher. Porém, a cronicidade desse comportamento agudo de radicalidade, acabou fazendo com que o movimento feminista, cerca de um século depois de iniciado, seja ele mesmo, de certa forma, também um repressor da expressão feminina. 

Hoje em dia muitas mulheres evitam se afirmar feministas, pois facilmente se comprova que a grande maioria das pessoas entende “feminismo” como o “machismo das mulheres”. A importância do homem feminista está, entre outras coisas, em acabar com qualquer tipo de rótulo, trazendo o significado do termo “feminista” de volta para sua origem de “luta contra o machismo”. O homem feminista a que me refiro é aquele que finalmente entendeu que a cultura machista faz-lhe mal, prejudica-o, e é responsável por grande parte das suas dificuldades emocionais e problemas pessoais. E o mesmo se diga do feminismo exacerbado de algumas mulheres, que, num passado recente, tomaram atitudes patéticas como as de queimarem soutiens em público, renegarem o casamento heterossexual, exigirem quotas no Parlamento e em todos os cargos e empresas públicas, com o argumento, hoje perfeitamente desajustado, da necessidade da 'discriminação pela positiva'. 

Nos dias que correm, pelo menos no nosso país, a maioria dos estudantes do ensino superior são mulheres - os homens, culturalmente, são mais imediatistas, querem começar a ganhar dinheiro rapidamente e não têm grande paciência para gastar anos das suas vidas em prol do estudo. O certo é que a maioria dos cargos dirigentes, num futuro não muito longínquo, vai pertencer ao género feminino. À parte a crescente e, infelizmente, comum violência doméstica - um problema muito preocupante e sério, talvez por ser o  superlativo de todos os comportamentos machistas, cujo silenciamento se deve ao pavor gerado por estigmas sociais e medos, hoje pouco sustentáveis -, bem como alguns casos perfeitamente identificados de discriminação laboral, a mulher, na nossa sociedade, é um ser igualitário. Como em tudo, é na mediana, no equilíbrio e na harmonia, que jaz o bom senso, o adequado. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não sejam os homens machistas, tornem-se homens feministas, nem se envergonhem do vosso 'lado feminino'. Não fiquem as mulheres feministas, radicais, com fervor excessivo, irracional e persistente, com o género invertido, dispostas a perder, em nome daquilo que, por vezes, justamente reivindicam, o que em vós tem mais graça, e é a fonte maior do desejo masculino: a vossa atraente feminidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário