sexta-feira, 1 de abril de 2011

O que nos espera a nós serviçais do Estado?

Na repartição, Euzinho a tentar ouvir o Sr. Gervásio que quer marcar uma escritura, enquanto a Dona Arlete tenta desesperadamente ler uma certidão.Fonte da foto: Internet
Com o aumento da idade da reforma para os 67 anos que estes Filhos da Luta (enganei-me na letra) nos querem impor - como se não bastasse o congelamento e corte dos salários, nas progressões das carreiras, a diminuição de regalias conquistadas ainda no tempo do fascismo, a actualização anual dos objectivos (avaliações para classificação de serviço), com exigências cada vez maiores, muitas vezes impossíveis de atingir (aumentar o número de actos notariais: vou para a porta da repartição com uma caçadeira de canos serrados e quem não quiser entrar para realizar um acto notarial, paga com a vida), o quadro dos excedentários e dos disponíveis (a antecâmara dos despedimentos), o regime de incompatibilidades que impossibilita, por exemplo, um licenciado em Direito de fazer o estágio de advocacia - vamos com certeza trabalhar até morrer, pois os descontos que actualmente fazemos para a (nossa) aposentação, destinam-se a financiar as reformas daqueles que ainda vão gozar essa benesse. Que ninguém se iluda. Vamos trabalhar até morrer, caso, entretanto, não dermos em maluquinhos, e consigamos uma aposentação pela Junta Médica. Doenças do foro fisiológico, ainda que crónicas, cancerosas ou degenerativas, desde que não afectem a capacidade de discernimento, mas apenas a mobilidade, não são consideradas pelas juntas médicas como motivos para aposentação. Então, faço desde já um apelo a todos os serviçais públicos: comecem por chegar reiteradamente tarde ao serviço, deixem de ter cuidados de higiene, tais como: tomar banho, fazer a barba, cortar as unhas (devem estar grandes e sujas ), mudar a roupa (deve ser sempre a mesma, de preferência a mais coçada - aquelas camisas e meias que escolhemos para dar cera no chão). Entretanto, devemos falar e rir sozinhos, asneirar com o nosso superior hierárquico, mictar num canto da repartição, à vista de todos, enquanto atiramos os papéis pelo ar e repetimos até à exaustão palavras de ordem, tais como: 'Eu quero uma mulher, já! Eu quero um homem, já! Eu quero fazer amor com a fotocopiadora e óscular com o fax!' Se depois de tudo isto não aparecerem, nos quinze minutos seguintes, quatro homenzarrões vestidos de bata branca com um colete de forças nas mãos, é porque o Governo, mesmo em gestão, conseguiu alterar o regulamento das juntas médicas, por forma a manter os incapacitados mentais ao serviço. Se assim for, paciência para nós serviçais públicos, pois só nos resta a merda desta (des)concertação sem conserto.

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